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02/04/2012

Cabelos Brancos

É estranho como um pequeno fato pode desencadear uma grande série de pensamentos, vejo isso todo dia aqui em casa, as pessoas aqui nesse apartamento, inclusive eu, adoram prolongar os pensamentos, o fim aqui é rir, mas muitas vezes nos estendemos para outros objetivos, mais cultos, diga-se de passagem. Estava voltando de Cachoeirinha outro dia, como de costume em algum ônibus da Carris (a melhor empresa desse ramo em Porto Alegre, diga-se de passagem), cruzando a Osvaldo Aranha, tão comentada nos bares aqui do estado como a avenida da legendária música Amigo Punk, a qual pelo menos uma vez por semana eu cantarolo sem perceber, quando o motorista faz uma parada para recolher passageiros e deixar outros, neste momento entra o fator que inspirou toda essa agitação nos meus neurônios, um senhor de cabelos brancos, as costas um pouco curvadas, talvez o tempo tenha lhe dado um fardo mais pesado, ou então simplesmente por má postura, vestindo calça social de uma cor marrom bem clara, com uma camisa xadrez, entrou deu um breve aceno para o motorista, e riu-se todo ao cumprimentar o cobrador, um senhor já de idade, com cabelos brancos, mas ainda na ativa, e foi retribuído, não parecia apenas um encontro de um cliente com seu prestador de serviço e sim um encontro de velhos amigos, quem sabe parentes ou algo parecido, acabados aqueles grandes cumprimentos, sorrisos e boas vindas o velho senhor passou a roleta com seu “cartão Idoso”, quando pensei que ele iria sentar-se, continuou a cumprimentar outro senhor de cabelo branco imediatamenta a esquerda de onde estava, passou cumprimentou um casal também idoso com seus cabelos prateados sentados no lado direito, com ares de grande conhecido daquela gente, um senhor que estava a minha frente abriu um largo sorriso, levantou-se e chamou aquele senhor simpático para sentar-se ao seu lado, não pude escutar o que estavam falando e todos aqueles cumprimentos porque em meu mundo particular o fone de ouvido estava na altura máxima fazendo-me relaxar e pegar cada nuance visual desse momento que durou menos de dois minutos, mas que geraram uma grande reflexão. 
Logo o velho senhor estava sentado ao lado daquele gentil cavalheiro, também de cabelos brancos, contando histórias e rindo de alguns fatos que um contava ao outro. Pensei, aqui em Porto Alegre, uma cidade que está sempre em movimento, onde os amigos precisam até fazer um certo esforço para se encontrarem e poderem ficar juntos, aquele senhor de cabelos brancos conhecia grande parte dos ocupantes daquele veículo e parecia se dar muito bem com todos eles, pensei também em meus anos de vida, já fui criança, já fui adolescente sou adulto, já cometi erros, já acertei, me arrependi, me satisfiz, enfim, os anos que eu passei nesse mundo já me renderam muitas alegrias e muitos invernos bem vividos, porém passaram me deixando alguns sinais, deles, os mais visíveis seriam os poucos, mas já numerosos fios de cabelo branco que me povoam e justamente pensando neles e em todo o efeito que cabelos brancos causaram naqueles poucos minutos dentro daquele ônibus, senti até uma vontade de cumprimentar o velho senhor de cabelos brancos, pois por um breve instante até pareceu-me conhecê-lo também...

1 manifestos:

Guto disse...

Isso se chama "a magia da aposentadoria". Um dia também andaremos "de grátis" no busão. Vai ser a maior farra, vamos passar o dia inteiro passeando... É nóis daqui apenas 30 anos Bruxão...

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